domingo, 31 de julho de 2011

Criando um Jogo - Parte I - Primeiros Passos !

Introdução

Como vão todos ? Estou iniciando uma série de artigos uma série de artigos para todos aqueles interessados no processo de criação de um jogo a partir do zero. Resolvi fazer isso mediante o pedido de diversos educadores e aspirantes a game design que

se mostraram interessados em diversos eventos que participei. Nesta primeira lição vamos começar a construir o conceito de um jogo passado no Brasil Colonial dos períodos de 1560 a 1790. Inicialmente fiz um jogo de cartas chamado Mascates, que foi testado sob o ponto de vista educacional e lúdico alcançando os resultados desejados.

Arte original de José Augusto Praguer

Fazendo diversos estudos e pensando numa melhoria para o Mascates, resolvi modificar o jogo para uma nova visão e com melhorias, pensando em expandi-lo de um simples cardgame, para um jogo de tabuleiro completo, guardando todos e ampliando os aspectos de jogabilidade e tendo também um viés educacional. O que é interessante nestes nossos artigos é que o jogo vai ser REALMENTE desenvolvido em “tempo real” ou seja nas próximas semanas vamos viver um “developer´s diary” do mesmo. Espero que agrade a todos.

Iniciando

Quando temos o primeiro insight de desenvolvimento de um jogo, pensamos em diversas coisas que podem ser exploradas. Uma das primeiras perguntas que devemos fazer é : aonde eu quero chegar com o meu jogo ?

Vamos pegar o projeto inicial do Mascates, que basicamente era um cardgame sobre o Brasil Colonial que reproduzia o comércio entre as principais capitanias da época. Queríamos montar um jogo de fácil entendimento, jogabilidade e que tivesse uma visão Euro da coisa. O primeiro passo foi a pesquisa histórica, ou seja que períodos iríamos explorar e tornar os mesmos elementos de jogo. Entramos no primeiro ponto de um design de jogo : pesquisa.

A pesquisa realizada para o Mascates envolveu 3 fases :

a) Internet - Fizemos inicialmente uma varredura na wikipédia, sites de muses, sites de bibliotecas, em busca de documentos, gravuras, pinturas, etc para iniciarmos uma imersão no contexto. Foi muito interessante que neste momento tivemos um efeito colateral, ou seja acabamos pensando em jogos simples para lançamento que foram devidamente anotados e guardados para momentos futuros.

b) Professores - Consultamos alguns professores de história para capturar elementos de interesse didáticos e que chamavam a atenção dos alunos. Levantamos diversos pontos e anotamos os mesmos para pudéssemos resgatar durante o processo. Isto nos ajudou na concepção do cenário a ser utilizado.

c) Livros e Publicações - Numa última fase fomos em busca de livros e publicações em bibliotecas e adquirindo livros para consulta. Esta fase foi a congregação de tudo acima, para a construção final do cenário de jogo.

Depois desta fase veio a da escolha de mecânica de jogo. Vamos definir que a mecânica é o conjunto de mecanismos que fazem um jogo funcionar (exemplo role o dado e movimente-se tantas casas). No caso do Mascates trabalhamos desde gerenciamento de recursos, até eventos de jogo. Estas escolhas foram feitas baseadas em alguns fatores que queria simular, até chegar um modelo final de protótipo. Com isso na mão montamos um arcabouço de regras e fomos para a próxima fase que eram os testes de jogo.

Playtestes iniciais do Mascates

Nisso iniciamos o processo de adequação, mudanças e balanceamento de jogo, para fecharmos uma versão final e assim executarmos as artes propriamente ditas. Estes processos resumidos parecem bem simples, mas foram frutos de meses de trabalho e de diversas acertos. Quando finalmente colocamos o jogo para o publico final, estávamos com o produto finalizado e operacional.

Três anos depois do lançamento da versão inicial do Mascates, resolvi partir para um jogo mais ousado e que explorasse aspectos que eu desejava no jogo, mas não visionava ainda os mesmos. Algumas coisas aconteceram desde a primeira versão de cartas do jogo, mas uma delas que me chamou a atenção foi o amadurecimento do mercado e de um público mais exigente. A partir destas premissas, o processo de construção de um novo jogo foi iniciado. O começo do trabalho novamente está na pesquisa ou seja estou trabalhando numa linha mais aprofundada da história do Brasil, com outras opções a mais. Basicamente são as seguintes :

a) Chegada de mercadorias da metrópole portuguesa;

b) envio de mercadorias do Brasil para Portugal;

c) Viagens de exploração pelo interior do Brasil;

d) Variação de mercado de produtos;

e) Construção de melhorias/extras no jogo.

Estas idéias inicialmente flutuam e algumas já tomaram a forma inicial de trabalho. O próximo passo é organizar isso em uma mecânica(s) funcional(is) de jogo, explorando estes aspectos.

Criando o seu jogo - Primeiro passo : Busca de material

A criação de um jogo é nada mais que um processo de sistematização de um processo, seja real ou imaginário. As abstrações desejadas para que seja possível criar um produto como esse são intimamente ligadas as necessidades do mesmo. Antes de você colocar “mão na massa”, é necessário duas coisas :

a) Conhecimento de uma teoria básica de game design;

b) Conhecimento de jogos;

Muita gente no Brasil ainda vive em jogos antigos do século XX como o Monopoly, Game of Life, Clue (Detetive), etc. Vamos então começar a fornecer um pouco de material para vocês começarem a estudar. Alguns Jogos para você baixar, imprimir e jogar

Maziacs the Boardgame - http://george.makasoft.net/Maziacs-TheBoardgame.zip

Micro Space Empire - http://boardgamegeek.com/boardgame/99698/micro-space-empire

Colonialismo - http://boardgamegeek.com/boardgame/67917/colonialism

A Colheita - http://boardgamegeek.com/file/download/7oad76ylgn/The_Harvest.zip

Pocket Civ (recomendado) - http://boardgamegeek.com/boardgame/28044/pocket-civ

E para finalizarmos um desafio para vocês ! Já que todos desejam criar jogos que tal vocês se proporem a fazer um ? O tema é livre e vocês vão utilizar um baralho normal e um dado de 6 lados ! Quem quiser enviar sua idéia para publicarmos aqui no blog, seja bem vindo !

Bom pessoal, é isso ! Na nossa próxima lição vamos abordar mais aspectos da criação do jogo em si !

quarta-feira, 27 de julho de 2011

45o. Castelo das Peças


No dia 30 de julho teremos a nossa 45ª edição do Castelo das Peças que vai ser realizada no Spoleto Largo do Machado. Para quem não sabe o Castelo é um evento de boardgames e que traz sempre pro pessoal o que há de mais moderno nesta indústria. Recomendo a todos é um dia muito divertido !

O horário do evento vai de 11h00 até as 22h00. O Spoletto fica no Largo do Machado na Rua do Catete, 311 - Galeria do Cinema São Luiz. Apareçam !

terça-feira, 26 de julho de 2011

Agora é Oficial : World of Warcraft no Brasil

Já é oficial : A Blizzard anunciou os servidores BR, devidamente localizados (dublagem e tradução) para os jogadores de nosso país. Vi o clipe do Cataclysm no youtube e... well, tem coisas boas e tem coisas sofríveis. Mas o importante, (por favor vamos deixar os gostos pessoais de lado) é que o mercado do Brasil de jogadores está finalmente se tornando interessante para o mercado internacional.

Se eu vou experimentar o BR ? Lógico, quero ver como certos chefes ficaram nas vozes brazucas...

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Corporação - The Boardgame

Pessoal,

Divulgando o nosso próximo lançamento na área corporativa e educacional.


Breve novidades...

terça-feira, 19 de julho de 2011

Visões Sobre Jogos Educacionais - Parte I

Pokemon Trading Card Game
Imagem vinda do Boardgamegeek - http://www.boardgamegeek.com

Curiosamente nos últimos tempos temos visto cada vez mais os jogos estarem em evidência. São revistas, filmes, festivais, jornais e a própria Internet, que pelo menos falam algo sobre a indústria de “milhões que fatura mais que o cinema”. Existe também o reverso da medalha, ou seja publicam-se notícias sobre a má influência dos jogos nos adolescentes, sobretudo sobre a violência e os maus exemplos aos jovens. Esta visão para muitos pais está bem balizada, já que o videogame é passado como um elemento prejudicial aos estudos e a formação do indivíduo.

Ao mesmo tempo vemos alguns educadores trabalharem com os ditos jogos educacionais, que na visão dos educandos hoje, são verdadeiros suplícios sob o ponto de vista lúdico e de ensino. Por muito tempo estes jogos educativos foram feitos por pessoas sem nenhuma bagagem lúdica, atendo-se a teorizar livros sob uma forma de entretenimento chato e altamente entediante. Isto colocou os jogos educativos num péssimo patamar, transformando-os em produtos muito mal vistos pelos alunos e sobretudo uma ferramente inútil na mão dos educadores.

Uma parte deste processo não ter alcançado os patamares desejados é que os profissionais que criaram estes produtos, basearam-se em linguagens diferentes das dos jovens, com mecânicas de jogo arcaicas e que não refletem a realidade atual. Muitos ainda trabalham com uma visão pré-internet, onde naquela época basicamente a história do rolar e mover em jogos era a principal mecânica conhecida em nosso país (infelizmente ainda é). Os produtos vindos disso eram totalmente arcaicos e “sem graça”, de acordo com a opinião de vários educandos. Enquanto nosso aluno vivia uma realidade lúdica totalmente diferente, com desafios inteligentes, ação, narrativas e toda uma série de atrativos, nos jogos tradicionais. Trovando em miúdos : os jogos educacionais pararam no tempo do “ivo viu a uva” e ali estagnaram.

Existiram tentativas de utilizar algumas ferramentas como o RPG em sala de aula, como uma forma de modernização e principalmente com o intuito de criar as bases de narrativas e criação. Extremamente louvável esta tentativa, mas a realidade de sala de aula esbarra-se em vários problemas, entre eles os famosos “50 minutos” onde os professores precisam realizar verdadeiros milagres educacionais em um tempo de aula. O RPG é uma ferramenta que exige continuidade e uma visão bem trabalhada frente ao aluno, sendo que em alguns casos isto esbarra nas próprias limitações do educando e do próprio educador.

Focando no próprio educador, muitos deles não tem esta visão lúdica e sim um verdadeiro preconceito com os jogos. Muitos deles não conhecem os jogos modernos, e pararam de jogar na mecânica “rola e move”, diferente do que existe hoje. Uma outra coisa importante e que devemos ter cuidado é que os jogos não são a panacéia educacional, onde vamos conquistar a atenção do jovem em sala de aula. Tudo é um conjunto formado por : um bom ambiente educacional, bom material didático e principalmente : Professores capacitados para a utilização dos mesmos. Um artigo muito bom que recomendo a leitura é o LEARNING TO PLAY TO LEARN, de Eric Zimmerman, onde ele aborda diversos aspectos do Game Design Educacional e fala sobre isso.

Mas vamos voltar ao elemento jogo educacional, este produto que precisa se transformar para esta nova visão atual. O que é necessário para fazermos isso ? Qual é a metodologia necessária ?

Acho que a primeira lição que eu posso falar é ouvir nossos alunos, conhecer o que eles estão jogando fazendo, curtindo. Trabalhar num terreno onde o aluno sabe onde está e se identifica com o que está sendo proposto é muito importante em todos os aspectos. Se o professor conseguir falar a linguagem lúdica do aluno temos a primeira interface. Claro que isto é conseguido de uma maneira : jogando. Isso mesmo jogando o que eles estão jogando e deixando de lado preconceitos e arcaismos. Para isso vamos dar uma lista abaixo de jogos que vocês podem baixar, imprimir e jogar. Alguns precisam que você conheça inglês, mas acredito que isto não seja uma barreira :

11 Kings - Um jogo sobre civilizações Antigas

Disciples - Um jogo sobre religião

Blood of Kings - Conquistas e Lutas na Europa Medieval

Cold War - Um jogo sobre a Guerra Fria

França Antártida - Jogo de minha autoria sobre as invasões Francesas no Rio de Janeiro

Snack factory - Um jogo sobre administração bem legal

Tem muita mais coisa, mas nos próximos artigos vou publicando aqui ! Gostaria muito de ouvir as opiniões de vocês, até a próxima parte !


domingo, 17 de julho de 2011

Jogos e Educação II



Ontem tive a grande oportunidade de participar do "Educontro" da Educopédia, no Nave aqui no Rio de Janeiro. Ministrei uma pequena palestra sobre jogos e educação para cerca de 250 professores do estado e que serviu para desvelar alguns aspectos sobre os jogos em geral. A Educopédia é é uma plataforma online colaborativa de aulas digitais, onde alunos e professores podem acessar atividades autoexplicativas de forma lúdica e prática, de qualquer lugar e a qualquer hora. Elas incluem planos de aula e apresentações, voltados para professores que queiram utilizar as atividades nas salas, com os alunos. Nela existem diversas atividades, incluindo jogos, que tem como objetivo ensinar. É um projeto fantástico e que todos devem olhar com muita atenção (Sou um dos felizes participantes com um dos projetos como Game Designer : o Projeto Pé de Vento !)

Foram 30 minutos com eles falando sobre diversas coisas e mostrando uma faceta diferente sobre os jogos. O foco que abordei foi um pouco diferente das palestras tradicionais, já que a maioria era de um público não gamer e ávido por informações. Um dos pontos mais interessanres foi quando falei sobre jogos educativos. O pessoal riu quando coloquei o que são os jogos educativos na escola :

Outra coisa que foquei foi a integração dos jogos no processo de educação e convívio social, no foco do educando e a família. Eu adorei ouvir comentários dos educadores como , "você conseguiu me mostrar uma faceta diferente dos jogos, tinha várias ressalvas contra a respeito". Nesse momento fiquei muito interessado, pois deve haver muita gente com uma visão somente negativa dos games. Foi muito positivo para mim este encontro e sobretudo a atenção e o carinho que os professores tiveram comigo. Tenho só que agradecer a oportunidade de estar ali com eles.



sábado, 16 de julho de 2011

Um vídeo bem legal !



De autoria do amigo Hélio Sales.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Jogos e Educação


Esta semana estive envolvido em processos de criação de jogos para o ensino fundamental. Achei muito, mas muito interessante o que fizemos, eu e as professoras, transformando matérias de sala de aula em jogos que poderiam ser utilizados como apoio ao processo de alfabetização. Trabalhar uma nova linguagem para que a criança se sinta interessada em aprender com o lúdico, é fantástico.

As pessoas gostam de abrasileirar palavras em inglês para o português, e a palavra Gamification, em português, Gamificação, não me agrada, prefiro ludificação, ou ludificar um processo educacional. Neste nosso encontro inicial trabalhamos com aspectos de matemática e português e trouxemos a metodologia de game design para o mesmo. Ou seja ludificamos todo um conteúdo.

Os desafios inicias por parte do design é trabalhar com uma série de limitações impostas pelo meio e pela realidade educacional. Temos que lembrar que não é só um processo voltado para uma realidade ideal, ou seja, a escola com todos os recursos. Muitas escolas estão ao "céu aberto", ou seja vivem uma realidade precária e as vezes penosa.

Contudo uma coisa que pensei como Game Designer e educador é o aproveitamento de tantas coisas a nossa volta para a criação de elementos lúdicos em sala de aula. Exemplo : tampinhas de garrafa, são ótimos elementos para o ensino de matemática, com jogos que incitassem o raciocínio lógico. Mas eu pergunto, será que o educador tem esta cultura lúdica para criar isso ?

Isto também é matéria de discussão : dar a capacitação ao educador para que ele conheça como aproveitar estes recursos para criação de novos jogos. Acho que esta discussão poderia ser iniciada aqui.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Uma semana doente e parado

Ficar doente é uma droga, ainda mais quando você fica parado sem conseguir desenvolver nada. Dor de cabeça, dor no corpo, mal estar, resumindo : uma merda. Mas a partir que fui melhorando consegui voltar a escrever e a criar. Novidades é que estou trabalhando em dois jogos : um wargame, que pretendo deixar gratuito e um jogo que ainda não defini, sobre Brasil Imperial.

Uma das coisas que me ajudou a passar estes dias acamado foi que eu consegui com um amigo os 100 primeiros números e os especias da Strategy and Tactics. Esta revista foi (e ainda é) uma das mais importantes sobre jogos (wargames) da atualidade. Uma das coisas mais legais que eu vi foram as fotos da primeira GENCON. Além disso vi um monte de jogos e artigos muito bons sobre o assunto e nossa, muitas idéias. Bom, esta semana vão ter novidades legais ! Aguardem !

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Gripe ou Dengue...

Pessoal,

Estou com uma gripe muito forte e não sei se é dengue... Pode ser que o blog fique sem novidades esta semana...Amanhã vou saber.

sábado, 2 de julho de 2011

IGDA Rio - Sucesso !

A foto eu "roubei" do Facebook, da nossa página da IGDA, mas acho que hoje devem ser disponibilizadas mais fotos. Ontem aconteceu nosso primeiro encontro de nosso grupo do IGDA Rio na Faculdade CCAA, onde cerca de 100 pessoas pretigiaram nosso evento.

Só posso dizer que fiquei muito feliz em ver que o Rio de Janeiro está começando a acordar em termos do mercado de jogos e querendo mostrar que tem muitos desenvolvedores querendo mostrar trabalho. Pude ver ontem que o pessoal quer entrar na área e quer começar a fazer o Netwroking necessário para iniciar projetos e atividades. Parabéns a todos que foram e esperamos que em agosto nosso encontro seja maior !

sexta-feira, 1 de julho de 2011

É Hoje o Encontro do IGDA RIO

Só para lembrar a todos que hoje é o primeiro evento do IGDA RIO !

Não deixem de aparecer por lá e chamem todos os amigos que também se interessam pelo tema !
A programação começa às 18:30:

Abertura:
Arthur Protasio, Presidente da IGDA Rio.
Palestra:
Tecnologias e Pipeline de Arte 3D para Dispositivos Móveis
Henrique Manfroi - Tech Artist & Professor - Sulistas.

Endereço :
Faculdade CCAA
Av. Marechal Rondon, 1460
Rio de Janeiro, Brasil

Você pode acompanhar o evento no Facebook: