domingo, 12 de abril de 2009

A Reinvenção do RPG

Não sou de falar muito sobre RPG, aliás quase não falei nada aqui até hoje, mas não pude ficar calado frente aos acontecimentos no mundo do D&D lá fora. Fui criado com duas coisas desde moleque, RPGs e Wargames. Comecei na época (1987/88) importando meus jogos de fora com o pouco que ganhava com meu dinheiro de estágio. Naquela época não existia cartão de crédito internacional, Internet, nada disso, era através de amigos e parentes que viajavam ao exterior e traziam as caixas, livros, etc. Na época xerocavamos tudo que conseguíamos e jogávamos muito, os clássicos.

O tempo passou o RPG entrou no Brasil, apareceram finalmente os jogos, na década de 90 com o boom dos cardgames tivemos uma geração mista de jogadores de Cardgame e RPG. Nos anos 1990/2000 o RPG estava firme e forte com a versão 3.0, logo seguida da 3.5. O sistema d20 revolucinou e a Wizards criou a OGL, uma espécie de licença da qual qualquer empresa podia produzir produtos para sua linha. De certa forma o mercado reagiu muito bem e os RPG´s cresceram como nunca.

Quando a Hasbro comprou a Wizards e trouxe um produto forte para seu lado, rumores de uma nova edição apareceram. No ano passado tivemos a 4a. edição que trazia um modelo de licença não tão aberto e que foi razão de críticas enormes. Muitas empresas não adotaram a 4a. edição, preferindo ficar na 3a./3.5 e a Wizards teve que voltar atrás com algumas coisas.

Mas com o bombástico anùncio que a Wizards pararia de vender seus produtos em PDF, as empresas começaram a ver que algo está diferente. A indústria de PDF´s cresceu com a Internet, claro que a pirataria ídem, mas muitas empresas estão trabalhando com estes produtos e tendo uma boa entrada no mercado ($$$). A própria Paizo, que hoje trabalha muito com o 3.5 do D&D utiliza deste tipo de publicação para vender seus produtos. Mas a Wizards com esta medida "puxou o tapete", dexiando muita gente aborrecida e abrindo portas para especulações de que ela iria abrir uma loja sua. O argumento principal foi a pirataria de seus produtos, mas para mim isto é "conversa para boi dormir", pois seus livros da 4a. edição pararam na web antes do lançamento para o pessoal baixar e apesar disso já estão na segunda impressão lá fora e vendendo muito bem.

Reparem, estou tentando resumir o que está acontecendo, de uma maneira rápida para chegar a uma discussão que quero levantar aqui no blog. Os RPG´s "pen and paper" sem sombra de dúvida perderam mercado para os MMORPG´s (World of Warcraft que o diga), mas possuem ainda um público considerável. A WIzards tentou fazer um meio termo criando o D&D Insider, a parte de web de seu sistema, mas sinceramente eu acho que isto foi um grande tiro na água.

Fica muito complicado trabalhar um modelo híbrido tentando agregar duas gerações distintas de gamers. O jogador de prata (aqueles que já tem cabelos brancos na cabeça), não é muito chegado a jogos online (por exemplo eu gosto de alguns, pois até hoje jogo videogames, mas sou exceção) e os jogadores novos (14 e 15 anos) ou estão jogando cardgames ou grudados na Internet. Eu vejo nos encontros de RPG que a faixa etária está cada vez mais alta e não há uma grande renovação de jogadores.

Algumas pessoas ficam dizendo que existem crises no mercado, mas ao mesmo tempo vejo editoras (inclusive nacionais) apostando em novo títulos e lançando produtos para o público consumidor.

Na minha opinião a única crise que existe é de visão, ou melhor modelo de negócio. O RPG não é mais o mesmo que jogavamos em 1990, a coisa mudou, a Internet contribuiu para isso. Criar um modelo híbrido como a Wizards está fazendo com a 4a. edição na minha humilde opinião não vai trazer o "jogador de Warcraft" para ela, pois este modelo do Insider para mim é um frankstein mal costurado.

O pessoal da Blizard por exemplo está fazendo uma coisa muito mais interessante : trazendo o Warcraft para o mundo real. Com o lançamento de jogos de tabuleiro, o de miniaturas (que está fazendo um sucesso com os jogadores da versão online e dos tradicionais pena and paper) e uma série de estratégias para continuar promovendo seu jogo eletrônico, e ganhando cada vez mais milhões de doletas.

Ora porque a Wizards não investe num parceiro eletrônico (como a Games Workshop fez com sua série Warhammer 40K) e lança um MMORPG do D&D ? Isso mesmo porque ela não faz um jogo com seu universo e traz o jogador adolescente para seu mundo ? Muitos vão torcer o nariz e dizer que não podem concorrer com o Warcraft. Bem, o Warcraft veio todo do universo do D&D e outros RPG´s e está aí para suprir esta lacuna que a Wizards deixou escapar.

Os jogos eletrônicos hoje representam o tabuleiro e o pen and paper de minha época, a Internet é a principal forma de comunicação da nova geração: Orkut, Bloger´s, Twitter, etc são as ferramentas de agora e o PDF é o livro eletrônico que se torna realidade. Eu ainda gosto do livro de papel, mas d euns tempos para cá estou comprando muitos pdfs (estou agora esperando um bom leitor sair) elendo na tela de meu micro. Eu acho que o RPG tem que começar a olhar para este lado e ver que o mundo mudou e muito.

Queria ainda lembrar que estamos num período de transição, onde várias coisas em nosso mundo estão ocorrendo. As indústrias estão tendo que se adaptar, a música e o cinema que o digam. A Internet hoje é uma ferramenta em que nós podemos publicar conteúdo, não precisamos mais de alguém que nos banque para lançarmos um produto. Esta reflexão é que eu gostaria de deixar aqui para a discussão de todos : o RPG precisa mudar a sua visão, adaptar-se ao novo. Ou...

8 comentários:

Unknown disse...

Sinceramente? O RPG precisa se reciclar continuamente.
Eu lembro que há uns anos eu e alguns amigos passávamos tardes e tardes naquelas lojas de videogames (que depois se tornariam lan houses) jogando Street Figher 2. E várias outras tardes jogando RPG também.
O ponto é, as diversões eletrônicas (fliperama, videogames, lan houses, MMOs etc) acompanharam as tendências e evoluíram. Tanto que hoje estão em par com várias outras formas de diversão.
Talvez o que falte para o RPG é essa renovação. Ah, sim, não há crise.

Antonio Marcelo disse...

Obrigado Tek !!!!

Wallax disse...

Opa, você poderia passar o link onde se diz que o 4E está vendendo muito bem e já está em reimpressões?

Estou catando dados e não encontrei ainda esse material.

grato

Antonio Marcelo disse...

Foram a entrevista com o Presidente da Wizards :

Meus links

http://blogquarentaedois.wordpress.com/2009/04/11/entrevista-com-greg-leeds-presidente-da-wizards-of-the-coast/

E o roiginal em Inglês :

http://www.enworld.org/forum/news/254134-exclusive-interview-wizards-coast-president-greg-leeds.html

Espero ter te ajudado...

Abs

Felipe disse...

Boa Análise, a analogia entre os jogos de tabuleiros e os MMORPGs são bem verdadeias.

Wallax, a entrevista do Presidente da Wizards,cita isto.

Abraços

Luis Francisco disse...

Eu acho que eles até chegaram perto... eu por exemplo tenho o livro de cenário do Forgotten Realms e acho o mundo fascinante. Era incrível jogar o Pool of Radiance ou Neverwinter Nights no computador, mas fora isso realmente não lembro de nada que fixasse a wizards no ambiente virtual :P

Eles deviam ter uma conversa com o pessoal do Ultima Online que estão aí desde 1997 e criaram o gênero.

Frederick Vaz disse...

Sobre a Wizards fazer um MMO

http://www.ddo.com/

Ele já existe =D

Eu até jogaria se tivesse uma graninha :P

Antonio Marcelo disse...

Rapaz eu vi esse MMO, mas confesso que não me encheu os olhos... Tem tanto MMO bacana aí (WOW, Guild Wars, Silkroad, etc) que este da Wizards passou em branco...

Abs