Curiosamente nos últimos tempos temos visto cada vez mais os jogos estarem em evidência. São revistas, filmes, festivais, jornais e a própria Internet, que pelo menos falam algo sobre a indústria de “milhões que fatura mais que o cinema”. Existe também o reverso da medalha, ou seja publicam-se notícias sobre a má influência dos jogos nos adolescentes, sobretudo sobre a violência e os maus exemplos aos jovens. Esta visão para muitos pais está bem balizada, já que o videogame é passado como um elemento prejudicial aos estudos e a formação do indivíduo.
Ao mesmo tempo vemos alguns educadores trabalharem com os ditos jogos educacionais, que na visão dos educandos hoje, são verdadeiros suplícios sob o ponto de vista lúdico e de ensino. Por muito tempo estes jogos educativos foram feitos por pessoas sem nenhuma bagagem lúdica, atendo-se a teorizar livros sob uma forma de entretenimento chato e altamente entediante. Isto colocou os jogos educativos num péssimo patamar, transformando-os em produtos muito mal vistos pelos alunos e sobretudo uma ferramente inútil na mão dos educadores.
Uma parte deste processo não ter alcançado os patamares desejados é que os profissionais que criaram estes produtos, basearam-se em linguagens diferentes das dos jovens, com mecânicas de jogo arcaicas e que não refletem a realidade atual. Muitos ainda trabalham com uma visão pré-internet, onde naquela época basicamente a história do rolar e mover em jogos era a principal mecânica conhecida em nosso país (infelizmente ainda é). Os produtos vindos disso eram totalmente arcaicos e “sem graça”, de acordo com a opinião de vários educandos. Enquanto nosso aluno vivia uma realidade lúdica totalmente diferente, com desafios inteligentes, ação, narrativas e toda uma série de atrativos, nos jogos tradicionais. Trovando em miúdos : os jogos educacionais pararam no tempo do “ivo viu a uva” e ali estagnaram.
Existiram tentativas de utilizar algumas ferramentas como o RPG em sala de aula, como uma forma de modernização e principalmente com o intuito de criar as bases de narrativas e criação. Extremamente louvável esta tentativa, mas a realidade de sala de aula esbarra-se em vários problemas, entre eles os famosos “50 minutos” onde os professores precisam realizar verdadeiros milagres educacionais em um tempo de aula. O RPG é uma ferramenta que exige continuidade e uma visão bem trabalhada frente ao aluno, sendo que em alguns casos isto esbarra nas próprias limitações do educando e do próprio educador.
Focando no próprio educador, muitos deles não tem esta visão lúdica e sim um verdadeiro preconceito com os jogos. Muitos deles não conhecem os jogos modernos, e pararam de jogar na mecânica “rola e move”, diferente do que existe hoje. Uma outra coisa importante e que devemos ter cuidado é que os jogos não são a panacéia educacional, onde vamos conquistar a atenção do jovem em sala de aula. Tudo é um conjunto formado por : um bom ambiente educacional, bom material didático e principalmente : Professores capacitados para a utilização dos mesmos. Um artigo muito bom que recomendo a leitura é o LEARNING TO PLAY TO LEARN, de Eric Zimmerman, onde ele aborda diversos aspectos do Game Design Educacional e fala sobre isso.
Mas vamos voltar ao elemento jogo educacional, este produto que precisa se transformar para esta nova visão atual. O que é necessário para fazermos isso ? Qual é a metodologia necessária ?
Acho que a primeira lição que eu posso falar é ouvir nossos alunos, conhecer o que eles estão jogando fazendo, curtindo. Trabalhar num terreno onde o aluno sabe onde está e se identifica com o que está sendo proposto é muito importante em todos os aspectos. Se o professor conseguir falar a linguagem lúdica do aluno temos a primeira interface. Claro que isto é conseguido de uma maneira : jogando. Isso mesmo jogando o que eles estão jogando e deixando de lado preconceitos e arcaismos. Para isso vamos dar uma lista abaixo de jogos que vocês podem baixar, imprimir e jogar. Alguns precisam que você conheça inglês, mas acredito que isto não seja uma barreira :
11 Kings - Um jogo sobre civilizações Antigas
Disciples - Um jogo sobre religião
Blood of Kings - Conquistas e Lutas na Europa Medieval
Cold War - Um jogo sobre a Guerra Fria
França Antártida - Jogo de minha autoria sobre as invasões Francesas no Rio de Janeiro
Snack factory - Um jogo sobre administração bem legal
Tem muita mais coisa, mas nos próximos artigos vou publicando aqui ! Gostaria muito de ouvir as opiniões de vocês, até a próxima parte !
3 comentários:
É uma realidade que os jogos educacionais são uma exelente ferramente para estimular o aprendizado. De uma forma mais interativa é possivel assimilar o conteúdo, e inserir isso num plano didático concerteza teria-se um rendimento melhor.
Vynicius Morais (libélula)
Bacana o artigo, Antônio!
A propósito, chegou o Power Grid aqui em casa! Uhu!!!
Jogão !!!
Divirta-se !
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